Profissionais da Secretaria de Saúde de Missal participam de Congresso sobre novas abordagens da Saúde Mental infanto-juvenil

Criado em: 14/06/2022 13:57:15
Atualizado em: 14/06/2022 13:57:15

Entre os destaques a formação de rede de atendimento como política eficaz, autismo e as formas de abordagem e a não utilização de medicamentos

      Um tema muito amplo e que gera inúmeros debates é a Saúde Mental. O III Congresso Internacional de Novas Abordagens em Saúde Mental Infanto Juvenil, promovido pelo Cenat, abordou no último final de semana em Florianópolis-SC, trouxe para discussão a formação de redes de atendimento como política eficaz, entre outros temas, visando observar os pacientes de fato como indivíduos.

      A Coordenadora da Saúde Mental de Missal, a psicóloga Neusa Della Libera, juntamente com a Assistente Social que atua na Secretaria de Saúde, Andréia Marta Konzen Scherer, estiveram no Congresso e trazem consigo a mensagem de que crianças e adolescentes são humanas e querem ser enxergadas como tal. Devem ser vistas dentro de um contexto familiar, pertencente a um território e com suas individualidades e desejos respeitados.

 

Tratamento e cuidado em rede

      No que se refere ao grande número de crianças e adolescentes que se encontram institucionalizados, foram apresentados dados de pesquisas que essa prática prejudica o processo de cuidado e tratamento que essas vidas necessitam. Normalmente o processo de institucionalização acontece por três maneiras: Determinação Judicial; Desassistência da Rede; e, múltiplas internações.

      Segundo os dados que a pesquisa obteve, muitos casos de crianças e adolescentes que são institucionalizados se tornam vulneráveis e perdem cada vez mais o vínculo familiar. Existem outras práticas de cuidado, que apresentam bons resultados, como a construção de redes de cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes. A intersetorialidade, ou seja, o cuidado em rede.

      Apenas o diagnóstico dos casos não é efetivo para o cuidado. É preciso ter um olhar no todo. Portanto, construir redes de atendimento, elaborando um plano de atendimento singular para cada caso, visto que cada um tem sua história de vida, particularidades e convive dentro de um território, devem ser valorizados. Isso interfere de forma positiva no tratamento.

 

Autismo

      Um ponto crucial desta temática é que os profissionais que se deparam com pacientes autistas devem tomar o cuidado para não agir com preconceito. “Não podemos atender apenas com o diagnóstico, mas observando o indivíduo como um todo”, analisa Neusa, coordenadora da Saúde Mental de Missal

      O TEA (Transtorno do Espectro Autista) trata-se de um tema está evoluindo. Cada caso de crianças e adolescente com o diagnóstico deve receber os cuidados, ser ouvido e receber tratamento adequado.

 

Saúde e Escola

      Durante o evento ocorreram mesas redondas, onde foi esclarecida a importância da relação entre a saúde e a escola. Através de pesquisas demonstrou-se que as parcerias entre esses setores fazem parte de um processo que promove saúde mental. No contexto coletivo, cada caso deve ser visto dentro do ambiente, porém deve seguir um plano de atendimento singular. Ser cuidado em equipe e construído planos através de discussões em equipes.

 

Uso de Medicamentos para o tratamento

      Durante o congresso houveram discussões acerca da desmedicalização de crianças e adolescentes. As orientações foram no sentido do cuidado através da família, olhar o paciente que precisa de cuidado como um todo, avaliando o contexto social.

      As contribuições com o autoconhecimento do paciente, justamente para que ele retorne ao contato social, às atividades escolares e evite entrar em crises, retornar ao seu ciclo, propondo um caminho de desmedicalizar gradativamente, com trabalhos como escuta, família, ouvir e acolher.

      “Todas as pessoas tem a sua história e se cada uma destas fosse ouvida e compartilhada em ambiente terapêutico e de cuidados, muitos casos não precisariam ser medicados”, avalia Neusa.

 

Autolesão

      Outro tema destacado nas palestras foi quanto a comportamentos autolesivos, comportamentos considerados como uma das maneiras que crianças e adolescentes, que apresentam sofrimento, precisam ser vistos e tratados. “Frequentemente casos de autolesão são mensagens que precisam ser compreendidas dentro do contexto”, completa a psicóloga Neusa.

 

Identidade de Gênero

      Um assunto muito presente, principalmente no contexto da adolescência, é a identidade de gênero, pois, é na adolescência que surgem as descobertas da sexualidade, do conhecimento do próprio corpo.

      Entre as principais pautas referente ao assunto, a despatologização das identidades sexuais, pois, os corpos são sexualizados e devem ser aceitos como tal, como cada um sendo um sujeito de direitos.

      A educação sexual entre crianças e adolescentes continua sendo um grande nó a ser desfeito. É preciso superar o mito de que a educação sexual pode erotizar ou incentivar a iniciação sexual precoce de crianças e adolescentes. 

      A OMS já comprovou que, quanto mais informação de qualidade sobre sexualidade, mais tarde os adolescentes iniciam sua vida sexual e quanto menos informação, mais precocemente se inicia a vida sexual.

      Porém, mais do que falar somente sobre sexo, é necessário falar sobre sexualidade, um conceito muito mais amplo, que se refere às vivências, descobertas de mundo, identidades, sentimentos, emoções, bem-estar, consciência corporal, entre tantos outros assuntos.

      Uma educação sexual bem orientada, respeitando o desenvolvimento psicossexual típico de cada faixa etária, é uma das formas mais eficazes para diminuir a vulnerabilidade de crianças e adolescentes diante de situações como violência sexual, gravidez e IST/Aids.

 

Outras temáticas

      Foi apresentado modelo de saúde mental efetivo, um cuidado efetivo familiar e domiciliar, visto que ao longo da vida as pessoas passam por conflitos e desequilíbrios, momentos de crises acontecem e os profissionais precisam estar preparados para lidar com pacientes nesses momentos.

      O paciente em crise é um momento desafiador, onde o indivíduo está em grande sofrimento, segundo os estudos faz-se urgente um trabalho intersetorial para pacientes em crise. Pois as pessoas são seres biopsicossociais.

      O trabalho efetivo para atender as diferentes demandas que surgem no que se refere a saúde mental infanto juvenil, devem acontecer com um apoio matricial, como forma de amenizar o sofrimento psíquico.

      O cuidado do paciente deve ser compartilhado, as equipes devem atender as demandas dentro dessas perspectivas. “Estamos construindo um caminho em busca da manutenção da luta antimanicomial, despatologização e desmedicalização, para novas abordagens de diálogos abertos, escuta e acolhimento dos casos que chegam aos nossos serviços”, finaliza a coordenadora de Saúde Mental de Missal.